O engenheiro civil que fez o Arquiteto Oscar Niemeyer brilhar

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MEGA ENGENHEIRO | JOAQUIM CARDOZO | BRASIL

O engenheiro civil que fez Oscar Niemeyer brilhar!


Porque não nomear a estrutura projetada por Oscar Niemeyer em 1967 de Joaquim Cardozo?  A campanha ganharia adeptos de peso. Entre eles, o cineasta Vladimir Carvalho. Mas quem era, enfim, Joaquim Cardozo?
“Sem ele os voos rasantes de imaginação riscados por Oscar Niemeyer permaneceriam eternamente no papel. Com audácia e rigor, Cardozo contribuiu decisivamente para erguer prédios e palácios de concreto que parecem mal tocar no chão. O encontro de Joaquim Cardozo com Oscar Niemeyer foi um pacto espiritual mediado pela matemática, um consórcio de dois gênios, fechou o tempo”.

E é verdade. Engenheiro calculista pernambucano pioneiro de Brasília, Cardozo foi decisivo para que os rabiscos líricos de Oscar Niemeyer ganhassem forma no pesado e duro concreto armado tão presente nas edificações da cidade. Os dois se conheceram nos anos 40, no extinto Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional (SPHAN), hoje Iphan. Especialista em cálculos de estrutura, Cardozo chamou atenção do jovem arquiteto pela inteligência e sensibilidade. Nasceria ali uma amizade fraterna para toda uma vida.

O primeiro trabalho que fizeram juntos foi o Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte. Para muitos especialistas, Brasília começaria ali. Basta conferir as formas onduladas do projeto para perceber que a engenharia poética de Joaquim Cardozo se fazia presente.

Materializar ideias

Como pioneiro da nova capital, o engenheiro deixaria um legado inestimável para os traços arquitetônicos de Niemeyer. Porque só ele, diante de alfarrábios quilométricos ou um quadro negro com equações enormes que fariam corar Albert Einstein, calculava e extraia resultados que pudesse materializar as ideias do amigo.

E tudo na mão, com ajuda apenas de uma calculadora de engenheiro. Certa vez, Oscar Niemeyer mandou alguns desses projetos para engenheiros com modernos computadores nos Estados Unidos e Japão. Todos sustentaram, categoricamente, que as obras previstas em seus desenhos não ficariam de pé. Nas mãos do Joaquim Cardozo, as toneladas de concreto e ferro que exigiam os projetos do Oscar Niemeyer se tornavam aladas (delicadas), leves...

“O Oscar fazia suas ‘pirâmides invertidas’ e o calculista que se virasse para pôr aquilo em pé por meio de métricas e escalas matemáticas. Esse era o Joaquim Cardozo”.

Curvas metafísicas

A participação de Joaquim Cardozo na arquitetura de Oscar Niemeyer é perceptível em detalhes de monumentos marcantes espalhados pela capital. Tal qual uma obra de arte a céu aberto, pode ser contemplada nas colunas sensuais dos palácios da Alvorada e do Planalto, nas curvas metafísicas da Catedral Metropolitana e Igrejinha, na organização uniforme dos arcos do Itamaraty, nas cúpulas perfeitas do Congresso Nacional.

Catedral Metropolitana de Brasília: colunas e curvas

Aliás, a abóboda invertida da Câmara dos Deputados foi uma novela à parte, um exemplo notável da genialidade do engenheiro calculista. Revestido de três camadas de concreto armado, anéis de compressão, lajes, tirantes e pilares, tudo arranjado dentro de estrutura complexa, o projeto ousado de Niemeyer exigiu uma tangente específica, precisa, para que se concretizar, na prática, do jeito que ali está.

Joaquim Cardozo se debruçou dias e noites sobre cálculos quase infinitos, varando madrugadas quando, num belo alvorecer… Eureca! Empolgado, não titubeou. O Sol nem bem havia riscado o horizonte e lá estava o engenheiro acordando o arquiteto para falar sobre a novidade.

Poeta que calculava

Mas, antes de se perder pelos labirintos e meandros das ciências exatas, Joaquim Cardoso se apaixonou, perdidamente, pelo mundo das artes. Era um poeta que calculava. Ou melhor, um engenheiro amante das letras, íntimo das palavras, autor de textos primorosos tanto na área da poesia, quanto na dramaturgia. Para aqueles que se espantavam com tal incongruência ele tinha a resposta na ponta da língua.

Joaquim Cardoso: engenheiro civil amante das letras e íntimo das palavras
“Não visualizo qualquer incompatibilidade entre poesia e a arquitetura. As estruturas planejadas pelos arquitetos modernos são verdadeiras poesias. Trabalhar para que se realizem esses projetos é concretizar uma poesia”, desconversava, Joaquim Cardozo.
Os primeiros versos que escreveu datam do final dos anos 20. Para se ter uma ideia do talento do engenheiro na área, era admirado pelos conterrâneos Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto. O mineiro Carlos Drummond de Andrade também era um fã confesso.

Cultura regional

Só peças teatrais deixou seis, grande parte delas resgatando aspectos da cultura regional nordestina  – em Recife, há hoje um teatro com seu nome. Contudo, tímido e avesso à badalação, deixou boa parte desse material escondido na solidão escura das gavetas de sua casa ou na intimidade da memória prodigiosa que tinha. O primeiro livro de poesia só seria publicado aos 50 anos, depois de muita insistência dos amigos.

“O Joaquim era um autêntico homem da renascença, o nosso Da Vinci, de uma inteligência monumental, poliglota, falava oito idiomas, um gênio, não à toa que o Niemeyer dizia que ele era o ‘brasileiro mais culto que existia’. O cara traduzia poesia do sânscrito, seus poemas eram bem fluídos e traziam evocações sentimentais, existenciais e espirituais que influenciaram o João Cabral a escrever ‘Morte e Vida Severina’.
Morte e Vida Severina [vídeo]:

Coadjuvante?

Sempre colocado em segundo plano ou relegado a mero papel de coadjuvante na construção de Brasília, a importância de Joaquim Cardozo na origem da cidade tem que ser mais exaltada e reconhecida, defende Severino Francisco.


Para ele, a arquitetura de Oscar Niemeyer só teve relevância e reconhecimento internacional, graças à ousadia e coragem de Joaquim Cardozo, que peitava as “loucuras” do arquiteto.


Estátua de Joaquim Cardozo, na ponte Maurício de Nassau, no centro do Recife: homem de sorriso tímido

É sintomático que poucas pessoas se lembrem do Joaquim Cardozo; muitas, aliás, nem sabem o quanto ele foi importante para a história de Brasília e fundamental nas construções. Não tem estátua, não é nome de praça, ponte, nada.


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